quarta-feira, 3 de junho de 2009

e então ele passava os dias lá, pouco reparando no tempo líquido, sem evitar a morte e sem pretendê-la. já não era um homem, por assim dizer, embora não tivesse deixado de lado a aparência severa dos que tem brio, uma barba quase sempre por fazer e os formigamentos do corpo. achava que amanhecer era muito lógico e que escurecer era consequência. não questionava, não temia, não sentia sobressaltos. um dia, sentiu o peito arder. não era fadiga, já que não se cansava nunca, não era amor, já que esse era verbo distante. com a mão esquerda em garra sobre a camiseta vermelha, entendeu que era o fim. arrumou-se no melhor terno, fez o cabelo afixar-se em gomalina, comeu alguma coisa e esperou.


esperou por anos.

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