quarta-feira, 25 de junho de 2008

O carinho por trás da objetividade


- Gosto, de um modo carinhoso, do inacabado, do malfeito. Daquilo que, desajeitadamente, tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão. - disse ele, sem ponderar seus termos .
- Já eu, encarando o processo num todo, prefiro o que há entre o alçar vôo , tão coerente e, ao mesmo tempo , demente que chega a ser comovente; e o pouso, ora turbulento , ora nem tanto . Prefiro o simples vôo, onde moram a dor e a beleza, o puro e o cabuloso . - Respondeu ela, se perdendo dentre a poesia inventada .
Dispersos, cada um tomou seu rumo. E por isso se davam tão bem ...

Ela, a imaginar a praia, os risos, os dois . Não um pôr-do-sol, pois seria normal demais pra uma relação que , de convencional, só restara a carcaça que um dia alguém invento de chamar de amizade . Entre um golaço e outro do LDU em cima do Fluminense, tramava uma maneira original de chamar-lhe pra fazerem qualquer coisa , e parou pra observar como o tempo foge à regra clara .

Ele, em seu mundo de mundos diários, riu por alguns segundos da conversa e foi acompanhar o jogo . Sem esconder a felicidade contida em cada ameaça de derrota do já citado clube, ás vezes pensava em como haviam se conhecido , e reconhecido . Achava graça porque parecia faz-de-conta, e tramava uma maneira original de aceitar um convite para fazerem qualquer coisa, enquanto escutava Los Hermanos e atualizava seu perfil no orkut .

E por isso se davam tão bem .

Ela desligou o computador e foi dormir, enquanto ele fazia o mesmo . Dalí em diante, bastava que se encontrassem para o acalento final, e ele foi dormir sabendo que valia um caminhão de tele-sena são joão, e ela sonhou em paz .


Nicole Manes
ouvindo Ney Matogrosso - Poema

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